A indústria da preguiça

Se fosse preciso escolher um pecado para resumir o comportamento médio do investidor
brasileiro, seria difícil decidir entre avareza e preguiça. Acostumados a décadas de retornos altos em
investimentos seguros, os brasileiros poupam pouco e, quando poupam, aplicam mal seu dinheiro.

Funciona assim

Quem recebe seu salário em determinado banco não pensa duas vezes e investe lá
seu dinheiro. Não importa se as taxas cobradas por esse banco são altas, se os retornos são parcos,
se há centenas de alternativas disponíveis. Além disso, o brasileiro tem mania de colocar suas finanças na poupança. Se consegue guardar alguma coisa, vai para a poupança. Mesmo sabendo que existem muitos outros investimentos muito mais lucrativos que esse, prefere deixar lá pela comodidade e facilidade.

Nos Estados Unidos, só 4% dos poupadores aplicam no banco. É comum que os americanos
procurem instituições especializadas em investimentos para aplicar o que têm. Nem sempre dá certo,
claro, porque esse é o espírito da coisa. Mas a preguiça do brasileiro adiciona uma certeza ao incerto
mundo das finanças pessoais: quem não presta atenção nas taxas que paga empobrece.

O problema é que, culturalmente, o brasileiro é acomodado. Se pensa em investir, irá procurar a instituição onde já possui conta corrente para não ter trabalho. Porém, essas instituições não trabalham oferecendo as melhores taxas de retorno, fazendo com que o valor investido não se torne muito rentável. Com a maior popularização das corretoras de investimento no Brasil, algumas pessoas começaram a se desprender do cerco dos bancos, conseguindo acessar produtos muito melhores. Porém, a grande maioria dos brasileiros ainda é preguiçosa em relação aos investimentos.

Nos países em que as pessoas possuem o costume de investir seu dinheiro, pode-se notar que o mercado financeiro é muito desenvolvido. É só pegar o exemplo dos Estados Unidos e da Europa para entender melhor como funciona essa dinâmica. O investidor, pessoa comum, possui o costume de investir em empresas via bolsa de valores para conseguir retornos mais altos. E aí, surge a dúvida…”Mas, e a segurança? Investir no governo é bem mais seguro! Melhor investir nos grandes bancos”… Porém, essas empresas, em sua maioria, possuem o raiting AAA e AA+, sendo, muitas vezes, mais seguras que o prórprio governo brasileiro!

Mas, como já dizia o velho ditado, “a preguiça anda tão devagar que a pobreza logo alcança”. Existe muito espaço ainda para o mercado financeiro do Brasil crescer, basta que o brasileiro mude essa mentalidade. Algumas pessoas já estão buscando por isso, e a tendência é esse número aumentar cada vez mais. Agora, mais ainda com a reforma da previdência, a tendência é que as pessoas passem a contribuir de maneira privada para poderem ter mais garantia no futuro de sua aposentadoria. O brasileiro deve ser menos acomodado e ter a proatividade de buscar opções melhores para ter em sua carteira de investimentos, se não, vai continuar marcando toca e perdendo dinheiro.

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